O segundo turno das eleições brasileiras foi marcado por um número alarmante de abstenções, com quase 10 milhões de eleitores optando por não comparecer às urnas. Esse fenômeno, segundo a analista de Política da CNN Clarissa Oliveira, não pode ser interpretado de outra forma senão como um protesto.
Apesar de o sistema eleitoral ter funcionado sem intercorrências e não haver mais o cenário de pandemia, uma parcela expressiva da população decidiu não exercer seu direito ao voto.
“Não tem como não olhar para isso como um protesto”, afirmou Clarissa Oliveira.
Descrença na política persiste
A analista ressaltou que, embora tenha havido uma melhora no cenário político desde 2016 – quando houve uma onda de eleição de outsiders -, ainda há uma significativa falta de confiança nas instituições políticas.
“O cenário melhorou, há uma crença maior na política, mas ainda não a ponto de convencer as pessoas a saírem de casa para votar”, explicou.
Em São Paulo, o número de votos brancos e nulos chamou particular atenção, chegando a quase 11% dos votos computados. Isso indica que muitos eleitores, mesmo comparecendo às urnas, optaram por não escolher nenhum dos candidatos disponíveis.
Sistema eleitoral em questão
Clarissa Oliveira também apontou para questões sistêmicas que podem contribuir para esse cenário.
O voto obrigatório no Brasil é acompanhado de punições brandas para quem não comparece, com multas de pouco mais de R$ 3. Isso cria uma situação contraditória: o voto é obrigatório, mas a penalidade por não votar é insignificante.
A analista alertou que esse alto índice de abstenção e votos brancos e nulos é um “sinal vermelho” que precisa ser observado tanto pela Justiça Eleitoral quanto pelos políticos e partidos.
“Se não, a tendência é que a gente tenha cada vez mais uma população governada por pessoas que foram escolhidas por poucos”, concluiu Oliveira, ressaltando a necessidade de medidas para reconquistar a confiança do eleitorado.
Fonte do Conteudo: afonsobenites – www.cnnbrasil.com.br