Maio é um mês com diversas cores, representando os diversos temas e abordagens para a busca da prevenção, conscientização e cuidados a respeito da saúde e da vida como um todo. Uma delas é o cinza, que representa o cérebro, “a massa cinzenta” .
No Espírito Santo, de acordo com o Hospital Santa Rita, referência em tumor cerebral, 78 novos casos de câncer no cérebro foram diagnosticados em 2024. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem 80,8% do serviço.
Desse percentual, homens tiveram mais diagnósticos (56,4%) contra 43,6% de mulheres. A idade em que esses casos aconteceram está entre 50 e 59 anos e a partir dos 60 aos 69 anos.
De acordo com o relatório do Hospital Santa Rita, 1,3% dos tumores está localizado no lobo frontal e o mesmo percentual no lobo parietal e lobo occipital; 3,8% está no cerebelo e 23,1% é câncer de encéfalo não especificado.
Os sintomas podem significar alguns tipos de câncer, como gliomas (astrocitomas e oligodendrogliomas), meningiomas e metástases de outros tumores. Virgínia Altoé é oncologista e destaca que o câncer do sistema nervoso central, por exemplo, se manifesta por dor de cabeça, tontura, desmaios ou crise convulsiva.
Algumas pessoas apresentam esquecimento, se perdem. Isso acontece porque cada parte do nosso cérebro é responsável por alguma coisa, por exemplo, uma fraqueza no braço, onde a pessoa perde a força.
“Geralmente, quando solicitamos exame para o cérebro é porque estamos investigando a possibilidade de ter metástase, partindo de outro órgão. Uma doença que acomete mais idosos, mas tem tipos que atingem outras idades, incluindo as crianças”, explica.
A oncologista relata que o GBM (gliobastoma multiforme) é um tumor mais grave que mais causa danos e sofrimentos. “É o tipo mais grave por seu comportamento mais agressivo e muitas vezes não tem como curar com cirurgia, quimio e radioterapia e, invariavelmente, o paciente vem a óbito. A característica dele é a agressividade”.
Tipos de câncer de cérebro
Os gliomas são tumores que se originam das células gliais, que fornecem suporte e proteção às células nervosas. Astrocitomas, incluindo o glioblastoma (o mais agressivo), são tumores que se originam dos astrócitos, um tipo de célula glial.
Os oligodendrogliomas são tumores de crescimento lento, geralmente benigno, que se desenvolvem a partir de outro tipo de célula glial. Os ependimomas são tumores que se originam das células ependimárias, que revestem os ventrículos do cérebro e o canal central da medula espinhal. Meningiomas são tumores que se originam a partir das células da meninges, que envolvem o cérebro e a medula espinhal.
Metástases
São tumores que se espalham para o cérebro a partir de outros órgãos do corpo, como pulmões, mama, melanoma ou outros.
Outros tipos de tumores cerebrais
Tumores raros podem incluir o plexo coroide, gangliocitomas e pineocitomas. Linfoma cerebral primário é um tipo raro de tumor que se origina no tecido nervoso do cérebro, medula espinhal ou meninges.
A maioria dos tumores cerebrais são primários, ou seja, começam no cérebro. Os tumores cerebrais secundários (metástases) são mais comuns em adultos do que os primários. Os sintomas e tratamentos do câncer de cérebro variam de acordo com o tipo e o estágio do tumor. É importante consultar um médico para avaliação e diagnóstico de qualquer sintoma suspeito de tumor cerebral.
Quando operar?
O oncologista e o neurocirugião trabalham no mesmo caso, mas a necessidade de um ou outro, ou ambos, quem determina é o próprio tumor, como explica o neurocirurgião André Teixeira.
“A cirurgia surge no diagnóstico ou no tratamento, onde, por algum motivo, o paciente realizou um exame e descobriu um tumor. A cirurgia depende do tipo de lesão que estamos tratando. Alguns tumores benignos onde avaliamos a localização e o tamanho vão indicar a necessidade de cirurgia. Alguns tipos não operamos, apenas fazemos acompanhamento radiológico. Quando somos acionados para ressecar, fazemos de acordo com o tipo de tumor, se é benigno ou maligno. Nos caos de tumores malignos, fazemos a cirurgia para diagnosticar a patologia e tratar os sintomas que o paciente está sentindo”.
O especialista alerta que não fazemos exames anuais na cabeça. “Apenas em casos de sintomas ou eventualmente com histórico familiar de tumores cerebrais. Fora isso, não há necessidade”, destacou.
O avanço em ressonância magnética possibilita que o paciente seja assistido por um neuro que avalia as imagens que contribuem para saber com mais agilidade o tipo de tumor e o local onde ele está.
“Com os exames vamos determinar se o paciente é passivo de cirurgia ou não. Só será encaminhado para o oncologista após a biopsia, para saber o tipo de tumor que é. Costumo dizer que só depois de dar o nome e sobrenome é que o oncologista entra em ação”.
O neuro ressalta que existem casos em que o tumor não é operável. “Geralmente, tomamos a decisão de não operar quando o local onde o tumor está é de difícil localização, ou quando o paciente já chega ao consultório muito debilitado do ponto de vista neurológico. Nesses casos, optamos por não operar e a conduta é mais digna não fazer, para sermos menos agressivos que a doença, mas a grande maioria conseguimos fazer a biopsia”, disse.
Ponto delicado
O cérebro é de onde sai todo comando para o nosso corpo, que é executado em segundos, a ponto de não percebemos. E o cirurgião, ao optar pela cirurgia, sabe disso. Mas existem locais muito delicados, explica o médico.
“O lugar mais desafiador é o tronco cerebral, o centro da vida, ali é onde determina a morte cerebral ou não. Os tumores de tronco cerebral são muito delicados e até uma biópsia é arriscada. Então optamos por não realizar o procedimento”.
O especialista relata que em apenas alguns casos o tratamento é iniciado sem a necessidade de biopsia. “Nesses casos, o oncologista começa o tratamento, nos casos de doenças mais avançadas, damos apenas suporte ao paciente”.
Laudo
Após o laudo, o corpo será exposto a muita medicação na expectativa do melhor resultado. “Após os exames de imagem e tudo o que precisa, nós discutimos com a família e os prós e contra do procedimento. E nesse momento temos o apoio e opinião do oncologista, que nos ajuda a pensar na melhor forma para o caso”, esclarece.
E o neuro faz o alerta que recebemos em toda consulta. “É importante praticar atividade física, evitar consumo de álcool, bebida, buscar qualidade de vida, de sono e exposição a radiação. No mais é ter bons hábitos. O fato de termos mais acesso a exames de ressonância, imagem, nos possibilita diagnósticos precoces e um tratamento melhor. Um outro fator importante é o avanço da cirurgia onde é possível prestar um pós operatório e fazer cirurgias menos invasivas, que ajudam na recuperação do paciente”, esclareceu.
Fonte do Conteudo: Andressa Mota – eshoje.com.br