Os Estados Unidos anunciaram, nessa terça-feira (1º/7), que interromperam o fornecimento de alguns tipos de armas a Kiev, alegando preocupação com o declínio de seus próprios estoques de munição. O anúncio ocorre em meio à intensificação dos ataques russos contra a Ucrânia.
A decisão de suspender o fornecimento de certas armas à Ucrânia foi tomada “para colocar os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar”, disse Anna Kelly, porta-voz adjunta da Casa Branca, em um comunicado enviado à AFP, confirmando as informações da imprensa americana, sem fornecer mais detalhes.
De acordo com o site Politico e outros veículos de comunicação americanos, a interrupção nas entregas diz respeito, em particular, a sistemas de defesa aérea MIM-104 Patriot, à artilharia de precisão e a mísseis antitanque AGM-114 Hellfire. A decisão, segundo a imprensa, ocorre após preocupações do Pentágono com os estoques militares dos EUA, de onde provém a ajuda militar à Ucrânia.
Negociações malsucedidas
Isso ocorre em um momento em que, após duas rodadas infrutíferas de negociações em Istambul entre delegações dos dois países, a Ucrânia enfrenta uma intensificação dos ataques aéreos russos. O número de drones de longo alcance lançados pela Rússia aumentou 36,8% em junho, em relação ao mês anterior.
De acordo com dados militares ucranianos, a Rússia enviou 5.438 drones de ataque de longo alcance contra seu território em junho — o maior número desde fevereiro de 2022 — em comparação com 3.974 em maio. Esses números incluem drones enviados à noite e contabilizados todas as manhãs por Kiev e não incluem ataques de outros tipos de aparelhos amplamente utilizados nas linhas de frente.
Uma mulher passa por um mercado atingido por bombardeios recentes, que as autoridades locais instaladas pela Rússia chamaram de ataque militar ucraniano, em Donetsk, uma área da Ucrânia controlada pela Rússia, em 30 de junho de 2025.
Os ataques russos estão sobrecarregando as defesas antiaéreas e levando a população civil à exaustão, após quase dois anos e meio de conflito.
Apesar da relação conflituosa com Kiev, o presidente Donald Trump deu continuidade, pelo menos parcialmente, à ajuda militar iniciada sob o governo anterior. Sob a presidência de Joe Biden, os Estados Unidos forneceram a Kiev mais de US$ 60 bilhões em ajuda militar.
“Embora essa redução na ajuda americana não cause o colapso das linhas ucranianas, prejudicará seriamente as defesas da Ucrânia, particularmente suas capacidades em mísseis antibalísticos e ataques de precisão”, disse John Hardie, especialista em Rússia da Fundação para a Defesa das Democracias (FDD), um instituto independente com sede em Washington. Além disso, o especialista prevê que a decisão levará à morte de mais soldados e civis ucranianos, à perda de mais território e à destruição de mais infraestruturas críticas.
Novos ataques
Novos ataques russos foram relatados na madrugada desta quarta-feira (2/7), pelas autoridades ucranianas, incluindo um realizado com drones contra uma fazenda na cidade de Borivske, na região de Kharkiv, que deixou um morto e um ferido. Outros dois ataques na mesma região causaram danos materiais, mas nenhuma vítima.
Por sua vez, o exército ucraniano assumiu a responsabilidade por um ataque a uma refinaria de petróleo na região de Saratov, na Rússia. Segundo o Estado-Maior da Ucrânia no Telegram, ela foi usada “para fornecer combustível e lubrificantes às unidades militares russas envolvidas na agressão armada contra a Ucrânia”.
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Fonte do Conteudo: RFI – www.metropoles.com